domingo, 20 de janeiro de 2008

Sobre Homens e Homens




Felicidade é dor que dura pouco

Morre a cada minuto

Cai gota a gota e pinga

Pinga, limão e açúcar não curam

Cai e se esvai

Vai! Bêbado! Vai!

Mostra tua cara pra tua mãe

Diz pra teu pai que tome no cu

Ele te largou! Ele está ali!

O homem que você ama, poeta

É o mesmo homem com quem você trepa

Acostuma-te a tua vida nojenta e crua

A vida, meu amigo, tua vida é a rua

A rua sim que é tua companheira

Não te abandona e não te exclui

Não se diverte, mastiga, mastiga e mastiga

- quisera que mastigasse

mas não mastiga!

A vida, seu burro, é que nem a rua

- é tua companheira inseparável,

mas não te traz alegria

A rua, meu amigo, a rua é teu destino

O homem, esse que você come

Esse, esse mesmo que te come

esse, um dia vai que a terra come?

E ai, poeta? E ai?

Valeu a pena? Tua alma era pequena ou o que?

Valeu a pena todas tuas gozadas?

Valeu a pena beber veneno

(o veneno dele)

?

Ai, poeta! Ai ai ai poeta!

Não seja burro, não cai nessa

A vida não te serve amor em travessa

Atravessa a rua, mirando o carro

Ele te desvia e te guia pro teu infindável sofrer

A vida, poeta, a vida é teu infindável inimigo

Anti-amigo, anti-nada

Nem Hugo Boss ou Prada

deixariam tua vida mais feliz

A crueldade crua não existe

Você que é burro e se entrega

Erga seus postes sem brexas

Abra suas barreiras e metas:

Meta com tudo e todos!

Aquele homem que se foda!

Deixa ele morrer na seca!

Deixa ele com seu próprio veneno!

Ele não vê que você deu seu coração por ele?

Fooooooooooooooooooda-se!

Vai, poeta, vive tua morte

E o resto depois você me conta...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Acorda, poeta!

Dança que dança, que a vida já passa
E assim, sem tempo, sem nada ver
A vida se vai, sem nem porquê
E fica só cinza do que era brasa

Os amigos, a mãe, o amante e a mulher
Já não são nada, nem mais memória
Os gozos passados das suas trepadas
Ficam no amargo destroços das horas

Teu tempo não é teu, nenhum deus te guia
Tudo é escuro, as estrelas se apagam
Ao encontro de Zeus encontra tua gira
E do que era teu não há nem pedaços

Teu choro é vento, mas é vento parado
Não há quem te ouça, não há quem se importe
Pois se algum dia beijou muitas moças
Agora está só, sem Deus e sem Morte

A dor te alucina, o vazio te embriaga
Na ânsia da morte, se corta na pele
A faca que usa é fina navalha
Mas em seu torpor em nada lhe fere

Você não entende, se olha envezado
Não pode morrer, mas vivo não está
Os deuses se riem do tolo assustado
E Pan vem e diz: acorda, criança.