sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Acorda, poeta!

Dança que dança, que a vida já passa
E assim, sem tempo, sem nada ver
A vida se vai, sem nem porquê
E fica só cinza do que era brasa

Os amigos, a mãe, o amante e a mulher
Já não são nada, nem mais memória
Os gozos passados das suas trepadas
Ficam no amargo destroços das horas

Teu tempo não é teu, nenhum deus te guia
Tudo é escuro, as estrelas se apagam
Ao encontro de Zeus encontra tua gira
E do que era teu não há nem pedaços

Teu choro é vento, mas é vento parado
Não há quem te ouça, não há quem se importe
Pois se algum dia beijou muitas moças
Agora está só, sem Deus e sem Morte

A dor te alucina, o vazio te embriaga
Na ânsia da morte, se corta na pele
A faca que usa é fina navalha
Mas em seu torpor em nada lhe fere

Você não entende, se olha envezado
Não pode morrer, mas vivo não está
Os deuses se riem do tolo assustado
E Pan vem e diz: acorda, criança.

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